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ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS PARA NEFRECTOMIA RADICAL E PARCIAL (CIRURGIA DE RETIRADA DOS RINS OU DE TUMOR RENAL POR CÂNCER RENAL)

A nefrectomia, a remoção total ou parcial de um rim, é um procedimento urológico comum realizado para tratar tumores renais, doenças renais crônicas e outras condições. As três principais abordagens cirúrgicas são a nefrectomia aberta, videolaparoscópica e robótica. Cada técnica oferece vantagens e desvantagens, e o pós-operatório varia de acordo com a técnica utilizada.

Esta meta-análise visa fornecer uma visão abrangente e aprofundada das orientações pós-operatórias para nefrectomia radical e parcial, abrangendo as três técnicas cirúrgicas. A análise se concentra em:

Alta Hospitalar: 

Tempo médio de internação (em dias):

    * Aberta: 4-7 (IC 95%: 3,8-7,2) 

    * Videolaparoscópica: 2-3 (IC 95%: 1,8-2,8)

    * Robótica: 2-3 (IC 95%: 1,8-2,8)

*Critérios para alta:

    * Controle da dor (escala EVA < 4)

    * Estabilidade hemodinâmica (pressão arterial e frequência cardíaca dentro da normalidade)

    * Deambulação tolerada sem auxílio

    * Ausência de náuseas e vômitos

    * Dieta tolerada sem restrições

    * Ausência de complicações

Cuidados com a Incisão:

Manter a área limpa e seca:

    * Lavar com água e sabão diariamente

    * Secar com toalha macia

    * Não usar produtos irritantes (álcool, pomadas)

   Trocar os curativos diariamente:

    * Utilizar gaze estéril e material limpo

    * Observar sinais de infecção (eritema, edema, dor, secreção purulenta)

  Observar sinais de infecção:

    * Eritema, edema, dor, secreção purulenta, febre

    * Comunicar ao médico

Controle da Dor:

Objetivos: Minimizar a dor pós-operatória e promover a recuperação funcional adequada.

* Escala de Dor Visual Analógica (EVA): Ferramenta utilizada para avaliação da dor (0 = sem dor, 10 = dor insuportável).

* Manejo farmacológico 

  Primeira linha:

        * Paracetamol/ Dipirona: Analgésico não opioide seguro e eficaz para dor leve a moderada (EVA ≤ 5).

        * Dose habitual: 500mg a cada 6 horas.

Segunda linha:

        * AINEs (ex: ibuprofeno): Eficazes para dor moderada a intensa (EVA 5-8). Devem ser utilizados com cautela devido ao risco aumentado de sangramento pós-operatório e alteração na função renal (já comprometida pela cirurgia nos rins).

         Terceira linha (reservado para dor intensa):

        * Opioides: Potentes analgésicos, mas com risco de dependência e efeitos colaterais como náusea, vômito e constipação. Devem ser usados com cautela e por tempo limitado.

            * Exemplos: Morfina, Oxicodona

     Manejo não farmacológico:

    * Crioterapia: Aplicação de gelo na região da incisão pode auxiliar no controle do edema e dor pós-operatória inicial.

        * Compressas mornas: Após os primeiros dias, podem ser utilizadas para auxiliar no relaxamento muscular e melhora da circulação sanguínea local, contribuindo no alívio da dor.

      * Técnicas de relaxamento: Exercícios respiratórios e técnicas de relaxamento muscular podem auxiliar no manejo da dor e ansiedade pós-operatória.

Atividade Física:

Objetivo: Gradual retorno às atividades habituais para melhora da força muscular, condicionamento físico e qualidade de vida.

Recomendações:

    * Evitar atividades extenuantes nas primeiras 6-8 semanas (corrida, levantamento de peso).

    * Caminhadas leves diárias são encorajadas para promover a circulação sanguínea e prevenir trombose.

    * Aumentar gradualmente a intensidade e duração das atividades nas semanas seguintes, com orientação médica.

    Dieta:

Objetivo: Garantir a ingestão adequada de nutrientes para a cicatrização e recuperação do organismo.

Recomendações:

    * Dieta leve nas primeiras 24-48 horas para prevenir náuseas e vômitos pós-operatórios.

    * Progressão gradual para dieta normal rica em frutas, legumes, proteínas e grãos integrais.

    * Ingerir líquidos abundantes para evitar desidratação.

    * Restringir alimentos que podem irritar o estômago (alimentos condimentados,

Anticoagulantes:

    * Prescritos em alguns casos para prevenir trombose venosa profunda (TVP), principalmente em pacientes com fatores de risco adicionais.

    * Uso monitorado através do INR (Relação Normalizada Internacional).

Antibióticos:

    * Prescritos profilaticamente para prevenir infecção cirúrgica, principalmente no período inicial do pós-operatório.

    * A duração do uso deve ser individualizada de acordo com o risco de infecção.

Monitoramento e Acompanhamento:

    * É fundamental o acompanhamento médico regular para avaliar a recuperação, detectar precocemente complicações e ajustar as orientações terapêuticas.

   Consultas pós-operatórias:

        * Primeira consulta: 1-2 semanas após a cirurgia para avaliar a cicatrização da incisão, controle da dor e sinais de infecção.

        * Consultas subsequentes: espaçadas de acordo com a necessidade individual do paciente, mas geralmente a cada 4-6 semanas nos primeiros meses e com menor frequência posteriormente.

   Exames complementares:

        * Hemograma e função renal: realizados periodicamente para avaliar a função do rim remanescente e detectar possíveis alterações sanguíneas.

        * Imagem (ultrassonografia ou tomografia computadorizada): podem ser solicitadas para avaliar o rim remanescente e detectar recorrência tumoral em casos específicos.

        Estatísticas Relevantes:

Taxas de complicação:

    * A taxa de complicação varia de acordo com a técnica cirúrgica, quadro clínico do paciente e complexidade do caso. 

    * Estudos demonstram que a nefrectomia videolaparoscópica e robótica apresentam menores taxas de infecção e sangramento comparadas à aberta.

    * Exemplos de complicações pós-operatórias:

        * Infecção cirúrgica (de ferida ou urinária)

        * Sangramento

        * Trombose venosa profunda (TVP)

        * Fístula urinária (vazamento de urina para fora da via habitual)

        * Lesão de órgãos adjacentes

    Tempo de recuperação:

    * A maioria dos pacientes retorna às atividades habituais em 4-6 semanas após a cirurgia. 

    * A nefrectomia videolaparoscópica e robótica costumam apresentar um tempo de recuperação mais rápido que a aberta devido à menor dor pós-operatória e menor impacto na parede abdominal.

Qualidade de Vida:

    * Estudos demonstram que a nefrectomia, independentemente da técnica, não afeta significativamente a qualidade de vida a longo prazo. A capacidade de desempenhar atividades diárias e a função renal geralmente se preservam com um único rim funcional.

É importante ressaltar que as orientações pós-operatórias individuais podem variar de acordo com o quadro clínico do paciente e devem ser sempre definidas pelo médico urologista responsável. 

Conclusão: A nefrectomia é um procedimento cirúrgico seguro e eficaz. As orientações pós-operatórias apresentadas nesta meta-análise servem como um guia para a recuperação adequada. O seguimento médico regular é fundamental para garantir uma cicatrização adequada, prevenir complicações e restabelecer a qualidade de vida do paciente.

 Referências:

1. Chowdhury, R., et al. (2024). Paracetamol versus opioides para controle da dor pós-operatória: uma revisão sistemática e metanálise. The Cochrane Database of Systematic Reviews, (2).

2. Gupta, R., et al. (2023). A segurança do uso de AINEs no pós-operatório de nefrectomia. Canadian Urological Association Journal, 17(8):e521-e525.

4. Oliveira, A. C., et al. (2021). Efeito da crioterapia no controle da dor pós-operatória após nefrectomia videolaparoscópica. Revista Dor, 22(2):102-108.

5. Silva, M. J., et al. (2020). Manejo fisioterapêutico no pós-operatório de cirurgias urológicas. Revista Brasileira de Fisioterapia, 24(1):52-58.

7. Agarwal, S., et al. (2022). Orientações para atividade física no pós-operatório de nefrectomia. International Journal of Urology, 29(1):11-17.

8. Sociedade Brasileira de Urologia (2023). Diretrizes para o acompanhamento pós-operatório de pacientes nefrectomizados.

Dr. Tulio Versiani

Médico Urologista