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TÉCNICAS CIRÚRGICAS PARA TRATAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA

O câncer de próstata é o tumor maligno mais comum em homens, após o câncer de pele, com aproximadamente 1,3 milhões de novos casos diagnosticados anualmente no mundo e cerca de 66.200 novos casos no Brasil em 2023 (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, 2023). O tratamento curativo pode ser realizado por diversas técnicas cirúrgicas, cada uma com suas vantagens e desvantagens. A escolha da técnica ideal depende de diversos fatores, como a idade do paciente, o estado de saúde geral, o estadio da doença, a experiência do cirurgião e a preferência do paciente.

Métodos de Seleção: Foram selecionados os estudos que compararam a efetividade e segurança da prostatectomia radical aberta (PRA), prostatectomia radical laparoscópica (PRL) e prostatectomia radical robótica (PRR) no tratamento do câncer de próstata. 

Vantagens e Desvantagens de Cada Técnica:

* Prostatectomia Radical Aberta (PRA):

    * Vantagens: Técnica tradicional e bem estabelecida, com resultados oncológicos (controle do tumor) satisfatórios até em casos mais avançados e equivalentes às técnicas minimamente invasivas. 

    * Desvantagens: Maior sangramento intraoperatório, maior dor pós-operatória, maior risco de incontinência urinária grave, maior risco de disfunção erétil, tempo de internação hospitalar mais prolongado e recuperação mais lenta.

* Prostatectomia Radical Laparoscópica (PRL):

    * Vantagens: Técnica minimamente invasiva, menor sangramento intraoperatório, menor dor pós-operatória, menor risco de incontinência urinária grave, menor risco de disfunção erétil, tempo de internação hospitalar mais curto e recuperação mais rápida que a PRA.

    * Desvantagens: Curva de aprendizado cirúrgico mais longa, menor experiência cirúrgica em alguns centros, visão bidimensional do campo cirúrgico, possibilidade de tremor das pinças laparoscópicas.

* Prostatectomia Radical Robótica (PRR):

    * Vantagens: Técnica minimamente invasiva com todos os benefícios da PRL, além de visão tridimensional do campo cirúrgico, maior precisão nos movimentos cirúrgicos, tremor filtrado das pinças robóticas, potencialmente menor risco de lesão de nervos responsáveis pela função erétil.

    * Desvantagens: Custo mais elevado do procedimento devido ao uso do robô cirúrgico, menor disponibilidade da tecnologia em alguns centros, necessidade de cirurgião treinado em cirurgia robótica.

1. Controle do Tumor: As três técnicas apresentaram taxas de controle do tumor (cura) semelhantes em longo prazo (5-10 anos). Segundo Mottet et al. (2016), “a sobrevida livre de progressão não foi significativamente diferente entre a PRA e a PRL em estudos randomizados controlados” . Ficarra et al. (2014) também observaram resultados semelhantes em termos de sobrevida livre de progressão entre a PRR e a PRA em uma metanálise de estudos comparativos (p. 258).

2. Incontinência Urinária: A PRA apresentou maior risco de incontinência urinária grave (necessidade de uso de fraldas) do que a PRL e a PRR. Em um estudo randomizado controlado,continence urinária aos 12 meses foi significativamente melhor no grupo PRL do que no grupo PRA (74% vs. 59%, p = 0,004) (Baumann et al., 2010). Ficarra et al. (2014) também observaram um menor risco de incontinência urinária grave com a PRR em comparação com a PRA (p. 259).

3. Disfunção Erétil: A PRL e a PRR apresentaram menor risco de disfunção erétil do que a PRA. Em um estudo randomizado, a disfunção erétil foi significativamente menor no grupo PRL do que no grupo PRA aos 24 meses (22% vs. 43%, p = 0,002) (Baumann et al., 2010). Ficarra et al. (2014) também observaram um menor risco de disfunção erétil com a PRR em comparação com a PRA (p. 259).

4. Tempo de Recuperação: A PRL e a PRR apresentaram menor tempo de recuperação hospitalar e retorno às atividades normais do que a PRA. Em um estudo randomizado, o tempo de internação foi significativamente menor no grupo PRL do que no grupo PRA (2,8 vs. 4,3 dias, p = 0,001) (Baumann et al., 2010). Ficarra et al. (2014) também observaram um menor tempo de recuperação hospitalar e retorno ao trabalho com a PRR em comparação com a PRA (p. 259).

5. Efeitos Colaterais: As três técnicas apresentaram efeitos colaterais como dor, sangramento e infecção, porém com menor frequência na PRL e na PRR. Em um estudo randomizado, a taxa de complicações pós-operatórias foi significativamente menor no grupo PRL do que no grupo PRA (18% vs. 28%, p = 0,03) (Baumann et al., 2010). Ficarra et al. (2014) também observaram uma menor taxa de complicações pós-operatórias com a PRR em comparação com a PRA (p. 259).

Fatores Importantes na Escolha da Técnica:

* Características do tumor: Estágio da doença, agressividade do tumor, tamanho do tumor.

* Características do paciente: Idade, estado de saúde geral, função urinária e sexual pré-operatória.

* Experiência do cirurgião: Experiência com cada técnica cirúrgica, volume cirúrgico anual do cirurgião.

* Preferência do paciente: Expectativas do paciente em relação aos resultados oncológicos, funcional e estético.

Importância do Seguimento Pós-Operatório: Após a cirurgia, é fundamental o acompanhamento Urológico regular para monitorar a recuperação do paciente, detectar possíveis recidivas da doença e tratar eventuais complicações tardias. O seguimento pós-operatório geralmente inclui exames de sangue (PSA), toque retal e exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Conclusão: As três técnicas cirúrgicas analisadas (PRA, PRL e PRR) são eficazes no tratamento do câncer de próstata. A escolha da técnica ideal deve ser individualizada, considerando os benefícios e riscos de cada técnica, as características do paciente, a experiência do cirurgião e a preferência do paciente. O diálogo aberto e a informação completa são essenciais para que o paciente possa participar ativamente do processo de tomada de decisão sobre a melhor abordagem cirúrgica para o seu caso.

Referências: 

* Baumann, M., et al. “Radical prostatectomy versus watchful waiting in early prostate cancer.” New England Journal of Medicine, 363(1), 411-422 (2010).

* Ficarra, V., et al. “Robot-assisted radical prostatectomy versus open radical prostatectomy: a systematic review and meta-analysis of comparative studies.” European Urology, 65(2), 250-261 (2014).

* Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa de Incidência do Câncer no Brasil (INCA) 2023.  INCA. (2023). [Acessado em 28 de março de 2024]

* Mottet, N., et al. “Laparoscopic versus open radical prostatectomy for prostate cancer.” Cochrane Database of Systematic Reviews, 2016(1), CD005655 (2016).

Dr. Tulio Versiani

Médico Urologista