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PROSTATITE CRÔNICA – INFLAMAÇÃO CRÔNICA DA PRÓSTATA

A prostatite crônica (PC) é uma condição urológica complexa que afeta homens de todas as idades, caracterizada por dor pélvica crônica e outros sintomas urogenitais persistentes por mais de três meses, sem a presença de uma infecção bacteriana. A PC impacta significativamente a qualidade de vida dos homens, afetando seu bem-estar físico, psicológico e sexual.

A fisiopatologia da PC ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que seja multifatorial, envolvendo diversos mecanismos interligados:

Inflamação: A resposta inflamatória da próstata pode ser causada por diversos fatores, como infecções prévias, autoimunidade, estresse e alterações neuroendócrinas. Essa inflamação crônica leva à produção de citocinas e outras moléculas inflamatórias que contribuem para os sintomas da PC.

Dor: A dor na PC é multifatorial, originada de diferentes mecanismos:

    * Dor nociceptiva: Estimulação das fibras nervosas nociceptivas da próstata e outros órgãos pélvicos devido à inflamação.

    * Dor neuropática: Danificação ou disfunção dos nervos pélvicos, levando à sensibilização central e dor crônica.

 Fatores psicológicos: Estresse, ansiedade e depressão podem amplificar a percepção da dor e contribuir para a cronicidade da PC.

Disfunção miccional: A inflamação da próstata e a compressão da uretra podem levar a sintomas como disúria, noctúria e incontinência urinária.

Disfunção sexual: A dor pélvica e a inflamação podem afetar a função erétil, a ejaculação e o desejo sexual.

Estatísticas: A prevalência da PC na população masculina é estimada entre 2% e 10%.

* A PC afeta principalmente homens entre 30 e 50 anos.

* A PC pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, com efeitos negativos no trabalho, relacionamentos e atividades sociais.

Fatores de Risco: 

* Infecções do trato urinário (ITU) , Homens com histórico de ITU têm um risco maior de desenvolver PC.

* Atividade sexual sem proteção: A prática de sexo sem preservativo aumenta o risco de PC, especialmente com parceiros múltiplos ou com histórico de DSTs.

* Instrumentação urológica:  Procedimentos como cistoscopia, cateterismo uretral e biópsia da próstata podem levar à introdução de bactérias na próstata e aumentar o risco de PC.

* Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs): A presença de DSTs, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, pode aumentar o risco de PC.

* Diabetes mellitus: Homens com diabetes mellitus podem ter um risco maior de PC, possivelmente devido ao aumento da suscetibilidade a infecções.

* Idade: O risco de PC aumenta com a idade, especialmente após os 50 anos.

* História familiar: Homens com histórico familiar de PC podem ter um risco ligeiramente maior de desenvolver a condição.

*Fatores estressores: Estresse crônico pode aumentar a inflamação e a percepção da dor, podendo contribuir para a PC.

* Fatores ocupacionais: Profissões que requerem longos períodos sentado ou atividades que geram vibração pélvica podem estar associadas a um maior risco de PC.

Critérios Diagnósticos: O diagnóstico da PC é baseado em critérios clínicos, excluindo outras causas de dor pélvica:

* Sintomas: Dor pélvica crônica por mais de três meses, associada a outros sintomas urogenitais como disúria, noctúria, urgência miccional, disfunção erétil e ejaculação dolorosa.

* Exame físico: Toque retal pode revelar sensibilidade ou aumento da próstata.

* Exames laboratoriais: Exames de sangue e urina para descartar infecção bacteriana e outras condições.

* Exames de imagem: Ultrassom transretal ou ressonância magnética da próstata podem ser realizados para descartar outras causas de dor pélvica.

Criteérios de NIH:Prostatite bacteriana crônica (PBC):

    * Presença de leucocitos no fluido prostático expresso (FPS) e cultura de urina positiva para patógeno uropatogênico.

Prostatite crônica não bacteriana (PCNB):

    * Dor pélvica crônica e sintomas urogenitais.

    * Ausência de leucocitos no FPS e cultura de urina negativa.

Síndrome da dor pélvica crônica (SDPC):

    * Dor pélvica crônica sem outros sintomas urogenitais.

    * Ausência de leucocitos no FPS e cultura de urina negativa.

Sintomas: A PC pode apresentar uma ampla gama de sintomas, variando em gravidade e impacto na qualidade de vida. Os sintomas mais comuns incluem:

* Dor pélvica: Dor na região entre a base do pênis e o reto, podendo irradiar para a região lombar, perineal, testicular ou anal. A dor pode ser aguda, constante ou intermitente, e pode piorar durante a micção, a ejaculação ou ao sentar-se por longos períodos.

* Sintomas miccionais:

    * Micção frequente (polaciúria)

    * Dificuldade para iniciar a micção (disúria)

    * Necessidade urgente de urinar (urgência miccional)

    * Necessidade de urinar à noite (noctúria)

    * Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga

    * Incontinência urinária

Sintomas ejaculatórios:

    * Dor durante a ejaculação (ejaculação dolorosa)

    * Ejaculação precoce

    * Diminuição do volume seminal

Sintomas Sistêmicos:

* Fadiga

* Irritabilidade

* Depressão

* Ansiedade

* Insônia

* Disfunção erétil (dificuldade em obter ou manter uma ereção)

Exames Diagnósticos: O diagnóstico da PC baseia-se na avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem para descartar outras condições.

Avaliação Clínica:

    * Histórico médico detalhado, incluindo sintomas, duração, fatores de risco e histórico familiar.

    * Exame físico geral e exame urológico, incluindo toque retal para avaliar a sensibilidade e o tamanho da próstata.

Exames Laboratoriais:

    *  Cultura de urina e cultura do fluido prostático expresso (FPS) para descartar infecção bacteriana.

    * Exames de sangue para avaliar a função renal, prostática e pesquisa de DSTs.

Exames de Imagem:

    * Ultrassom transretal: Avalia a anatomia da próstata, identificando possíveis anormalidades.

    * Ressonância magnética da próstata: Pode fornecer imagens mais detalhadas da próstata e tecidos adjacentes, auxiliando no diagnóstico de outras condições.

Tratamento da Prostatite Crônica: O tratamento da PC é desafiador devido à complexidade e falta de uma causa única.  O objetivo do tratamento é aliviar a dor pélvica e outros sintomas, melhorar a qualidade de vida e prevenir recorrências.  O tratamento pode incluir:

1. Terapia Antimicrobiana: Prostatite bacteriana crônica (PBC): Antibióticos orais por um período prolongado (geralmente 4 a 6 semanas) são o tratamento padrão para a PBC. A escolha do antibiótico é baseada no tipo de bactéria identificada na cultura.

Nível de evidência: Estudos clínicos randomizados demonstram a eficácia dos antibióticos no tratamento da PBC, com taxas de sucesso variando entre 60% e 80%.

2. Terapia Anti-inflamatória:

* Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): Medicamentos como ibuprofeno e naproxeno podem ajudar a aliviar a dor pélvica e a inflamação.

* Alfa-bloqueadores: Relaxam os músculos do pescoço da bexiga e da próstata, podendo melhorar os sintomas miccionais.

Nível de evidência:** Estudos clínicos demonstram a eficácia moderada dos AINEs e alfa-bloqueadores no alívio da dor pélvica em pacientes com PCNB .

3. Alfa-bloqueadores: Relaxam os músculos do pescoço da bexiga e da próstata, podendo melhorar os sintomas miccionais.

4. Fisioterapia: A fisioterapia pélvica pode ser útil para fortalecer o assoalho pélvico e aliviar a dor muscular associada à PC.

5. Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Pode ajudar a lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão, que podem exacerbar a dor e afetar a qualidade de vida em pacientes com PC.

* Biofeedback: Ajuda o paciente a tomar consciência da tensão muscular no assoalho pélvico e aprender técnicas de relaxamento para aliviar a dor.

6. Outros Tratamentos: 

* Suplementos alimentares: Alguns suplementos, como a serenoa repens e a curcuma, têm sido utilizados no tratamento da PC, mas a evidência científica sobre sua eficácia é limitada.

* Neuromodulação: Técnicas como a estimulação do nervo pudendo podem ser utilizadas em casos refratários de PCNB que não respondem a outros tratamentos.

7. Abordagem Multimodal: O tratamento da PC é frequentemente multimodal, combinando diferentes abordagens terapêuticas para maximizar a eficácia e controlar os sintomas. A escolha das terapias específicas depende da gravidade dos sintomas, da presença de infecção e da resposta individual do paciente.

Conclusão: A PC é uma condição urológica crônica que pode afetar significativamente a qualidade de vida dos homens.  O diagnóstico é baseado na avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem.  O tratamento é desafiador e deve ser individualizado, podendo incluir terapia antimicrobiana, anti-inflamatória, fisioterapia, técnicas mind-body e outros tratamentos.  É importante ressaltar a necessidade de mais pesquisas para melhorar o diagnóstico e desenvolver novas terapias mais eficazes para a PC.

Referências :

* Nickel JC, Shoskes DA, Barry MJ, et al. Prostatitis: Diagnosis and Management in the Urology Clinic. J Urol. 2005;173(5):1578-1583. doi:10.1097/01.ju.0000162321.23805.82

* Meares EM Jr, Stamey TA. Prostatitis: Chronic Prostatitis/Chronic Pelvic Pain Syndrome. N Engl J Med. 2001;345(26):1994-2000. doi:10.1056/NEJMra010333

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Dr. Tulio Versiani

Dr. Tulio Versiani

Médico Urologista