Agende sua consulta

(35) 99865-1773

(35) 3864-1773

CRIPTORQUIDIA (TESTÍCULOS FORA DA BOLSA ESCROTAL): UMA ANÁLISE APROFUNDADA

A criptorquidia é caracterizada pela ausência de um ou ambos os testículos no escroto. É uma das anomalias congênitas mais comuns em homens, afetando cerca de 2-3% dos recém-nascidos. Apesar de sua prevalência, a criptorquidia ainda é uma condição complexa com diversas nuances em suas causas, fatores de risco, técnicas cirúrgicas, indicações e potenciais complicações.

Causas e Fatores de Risco: A etiologia da criptorquidia ainda é multifacetada, envolvendo fatores genéticos, hormonais e ambientais.

* Fatores de risco como prematuridade, baixo peso ao nascer, histórico familiar da condição, tabagismo materno e uso de drogas ilícitas durante a gravidez podem influenciar seu desenvolvimento.

Técnica Cirúrgica para tratamento:

* A orquidopexia, a técnica cirúrgica para reposicionar o testículo criptorquídeo no escroto, é o tratamento padrão para a criptorquidia.

* Diversas técnicas de orquidopexia existem, mas a técnica de Fowler-Stephens é a mais utilizada.

* O momento ideal para a orquidopexia é geralmente antes dos 2 anos de idade, considerando o desenvolvimento testicular e os riscos potenciais.

Indicações para Orquidopexia: A orquidopexia é indicada para todos os casos de criptorquidia, mesmo quando o testículo é palpável na região inguinal. A cirurgia visa prevenir as seguintes complicações:

    * Infertilidade: A criptorquidia pode prejudicar a produção de espermatozoides, impactando a fertilidade masculina. Estudos demonstram um risco 2 vezes maior de infertilidade em homens com a condição.

    * Câncer testicular: O risco de desenvolver câncer testicular é consideravelmente maior em homens com criptorquidia, cerca de 4-5 vezes maior do que em homens sem a condição. A orquidopexia diminui significativamente esse risco.

    * Torção testicular: A torção testicular, uma condição dolorosa e potencialmente grave, é mais frequente em homens com criptorquidia. A orquidopexia previne essa complicação.

    * Hérnia inguinal: A criptorquidia pode estar associada à hérnia inguinal, uma fraqueza na parede abdominal. A orquidopexia pode corrigir ambas as condições ao mesmo tempo.

Considerações sobre Orquiectomia: A orquiectomia, a remoção do testículo criptorquídeo, é raramente indicada. Em casos específicos, como testículos não palpáveis, atrofia testicular grave ou malignidade, a orquiectomia pode ser a opção mais adequada.

Resultados e Estatísticas: 

* A taxa de sucesso da orquidopexia é alta, em torno de 95%.

* A orquidopexia antes dos 2 anos de idade oferece os melhores resultados em termos de fertilidade, desenvolvimento testicular e prevenção de complicações.

* O risco de malignização em testículos criptorquídeos é real, e a orquidopexia reduz significativamente esse risco.

Idade Limite para Orquidopexia:

* A idade ideal para a orquidopexia é antes dos 2 anos de idade, mas pode ser realizada até a puberdade.

* Após a puberdade, os benefícios da orquidopexia em termos de fertilidade podem ser reduzidos, mas ainda há benefícios na prevenção de outras complicações.

Importância do acompanhamento médico:

* O acompanhamento médico regular é crucial para crianças com criptorquidia, mesmo após a orquidopexia.

* O acompanhamento permite monitorar o desenvolvimento testicular, detectar possíveis complicações e oferecer suporte emocional ao paciente e à família.

Preparação:

* A orquidopexia geralmente é realizada sob anestesia geral, garantindo o conforto e a segurança do paciente durante o procedimento.

* Exames pré-operatórios, como hemograma, coagulograma e avaliação cardiológica, são realizados para garantir a segurança da cirurgia.

* A região inguinal e escrotal são degermadas  para minimizar o risco de infecção.

* Uma pequena incisão é feita na região inguinal, geralmente no local onde o testículo criptorquídeo deveria estar presente.

* O tamanho e a localização da incisão variam de acordo com a técnica cirúrgica escolhida e a anatomia do paciente.

* O canal inguinal é cuidadosamente explorado para identificar o testículo criptorquídico.

* Em alguns casos, o testículo pode estar localizado em uma posição mais alta, necessitando de técnicas mais complexas para sua localização e mobilização.

* O testículo criptorquídeo é cuidadosamente dissecado do tecido circundante, preservando os vasos sanguíneos e nervos importantes.

* O cordão espermático, que conecta o testículo ao epidídimo e à deferente, é alongado se necessário para permitir a descida do testículo.

* Uma bolsa é criada no escroto para receber o testículo criptorquídico.

* O testículo é fixado no escroto utilizando suturas absorvíveis, garantindo sua posição adequada.

* A incisão inguinal é fechada com suturas ou adesivos cutâneos.

* Um curativo é aplicado para proteger a área operada.

Tempo de Cirurgia:

* A orquidopexia geralmente dura cerca de 30 a 60 minutos, mas pode variar de acordo com a complexidade do caso.

Pós-Operatório:

* O paciente geralmente recebe alta no mesmo dia da cirurgia.

* Analgésicos e antibióticos podem ser prescritos para controlar a dor e prevenir infecções.

* Repouso e atividades leves são recomendados nos primeiros dias após a cirurgia.

* Retorno ao médico para acompanhamento da recuperação e avaliação dos resultados é fundamental.

Tipos de Orquidopexia:

* Orquidopexia inguinal: Técnica mais comum, realizada através de uma incisão na região inguinal.

* Orquidopexia subcutânea: Técnica menos invasiva, realizada através de uma incisão menor na região escrotal.

* Orquidopexia laparoscópica: Técnica minimamente invasiva, realizada através de pequenas incisões no abdômen.

Riscos e Complicações: As complicações da orquidopexia são geralmente raras e leves, como sangramento, inchaço, hematoma e dor. Complicações mais graves, como infecção, atrofia testicular e recidiva da criptorquidia, são menos frequentes.

Orientações e Cuidados:

* Seguir as instruções do médico quanto à medicação, repouso e cuidados com a ferida operatória é fundamental para uma boa recuperação.

* Manter a área operada limpa e seca, evitar atividades físicas intensas e observar sinais de infecção (inchaço, vermelhidão, dor, febre) são medidas importantes.

* Retorno ao médico para acompanhamento da recuperação e avaliação dos resultados é essencial para garantir o sucesso da cirurgia.

Observações Importantes:

* A orquidopexia é um procedimento seguro e eficaz para o tratamento da criptorquidia.

* O momento ideal para a cirurgia é antes dos 2 anos de idade, mas pode ser realizada até a puberdade.

* O acompanhamento médico regular após a cirurgia é fundamental para garantir a saúde testicular e prevenir complicações.

Referências:

* [1] Pediatric Surgery International: [https://link.springer.com/article/10.1007/s00383-015-3812-y](https://link.springer.com/article/10.1007/s00383-015-3812-y)

* [2] Cochrane Database of Systematic Review.

Dr. Tulio Versiani

Médico Urologista